terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Repressão e civilização

Sociedade, vivendo entre a falsa satisfação e o desejo reprimido

A sociedade é composta por cidadãos que, sob uma série de regras e deveres, formam uma civilização, ou seja, determinado estágio de desenvolvimento cultural, que pode ser verificado observando-se as técnicas dominadas, relações sociais, crenças, fatores econômicos e criação artística, por exemplo.
Para muitos pensadores, a civilização é construída sobre uma renúncia ao instinto, pela opressão e pela não satisfação dos indivíduos. De acordo com Freud, o mal-estar da civilização está no fato da transformação e uso do princípio do prazer para o princípio da realidade. O cidadão se deu conta, incorretamente, de que é impossível uma gratificação plena e indolor, assim, abdicou da satisfação imediata, que passou a dar lugar ao prazer adiado, restringido, porém garantido. Vê-se assim o grande acontecimento traumático no desenvolvimento do homem. Instintos reprimidos que devem ser constantemente reestabelecidos, para afirmar a supremacia da realidade sobre o prazer, o que indica que esta supervalorização do real não é segura e completa, pois, o que a civilização reprime e domina, continua existindo na própria civilização.
Com o objetivo de manter a ordem da sociedade e evitar distúrbios sérios, as perdas sofridas pelos seres humanos são compensadas economicamente, é o que afirma Freud. O motivo da sociedade ao modificar sua estrutura é econômico. Não há recursos suficientes para manter a vida de todos sem que haja trabalho por parte de cada um, sendo assim, as energias são voltadas para serem gastas com a labuta. A energia utilizada para o trabalho da civilização, nas teorias freudianas, é basicamente Eros, ou seja, extraída da sexualidade. A repressão desse instinto sexual poderoso aumenta a infelicidade do indivíduo.
O pensamento de Marcuse se distancia do de Freud, ou se aproxima para afirmar sua inversão a ele. Em Freud há uma repressão básica que atua na civilização; a interdependência entre o progresso na sociedade e a infelicidade no psiquismo do indivíduo, também ligados ao fato de os cidadãos negarem o individual, e desviarem suas energias aos objetivos coletivos. Enquanto em Marcuse o indivíduo é sacrificado. Pode-se denominar de mais-repressão, ela é adicionada ao processo de formação da civilização pelos interesses dominadores. Nessa civilização há uma falsa satisfação que acomoda o pensar e o agir, os interesses maiores geram o crescimento da manipulação e o controle da mente. As pessoas têm muitas coisas que as distraem de suas verdadeiras necessidades, quanto mais felizes, mais rendidas ao poder do sistema socioeconômico, sem ao menos perceberem.
A ideologia atual da produção e do consumo justifica a dominação sofrida pelos cidadãos. Há benefícios reais, porém vem juntamente com a repressão do todo. Com a abundância material, mobilidade e produção, o indivíduo paga com o sacrifício de seu tempo, sonhos e de sua liberdade, pois fica preso a uma falsa necessidade. Os bens e serviços que os controlam, petrificam suas faculdades (pensar, agir, questionar...). 

O ponto crucial é o de que as exigências da vida civilizada sufocam o indivíduo. Os reais desejos são deixados em segundo plano, isso gera perturbação e o consequente mal-estar da sociedade, contínuo e desumano. 

O uso inconsciente de eletricidade e o consequente prejuízo no bolso do consumidor

Está cada dia mais caro ter a vida iluminada pela energia elétrica no Paraná. A conta de energia elétrica se torna um tormento nos cálculos de final de mês dos londrinenses. Entre os meses de junho a setembro, para deixar a situação ainda pior, o frio é o grande vilão no bolso dos cidadãos. Contas de luz aumentam significativamente. São os costumes que, geralmente, não fazem parte do cotidiano veraneio dos moradores de Londrina. Os banhos passam a ser mais quentes e mais demorados. O uso de eletrodomésticos também cresce. São secadores, aquecedores, televisões que passam a ser mais utilizadas pelo fato de as pessoas permanecerem mais em casa nessa época, assim como as luzes que insistem em ficarem acessas. O resultado é o acréscimo no valor do que deve ser pago pela energia elétrica.

O uso inconsciente de equipamentos elétricos pode contribuir para valor alto da conta no final do mês, de acordo com o engenheiro eletricista Victor Sbizera. “É quase que inevitável o aumento na conta de luz do consumidor nessa época do ano. O que aconselhamos a fazer é verificar se os aparelhos eletrodomésticos não estão velhos demais e estão consumindo mais energia que o necessário. Isso acontece muito com aquecedores e freezers”, afirma Victor. O engenheiro diz que essa troca pode reduzir em mais de 30% o consumo de eletricidade de uma residência. Os aparelhos mais indicados são os que contêm no selo da Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) a classificação “A”, que significa um baixo consumo de energia.
O depoimento de Isabela Rezende, manicure de 47 anos, confirma que é possível diminuir a conta de luz dessa forma, porém os gastos no inverno continuam acima da média anual. “Nós trocamos aqui em casa o ar condicionado e o chuveiro, esse quando queimou, e a conta de luz veio bem mais baixa que o que estávamos acostumados. Eu pagava R$550 e passei a gastar por volta de R$250 com o novo ar condicionado”.
Como reduzir os gastos
Há também outros conselhos fornecidos por especialistas no assunto, a fim de manter o conforto do cidadão e diminuir os gastos. Orienta-se que haja algumas trocas nos domicílios, como a instalação de lâmpadas fluorescentes que, apesar de custarem mais caro, gastam cerca de quarenta vezes menos energia que as incandescentes. Sabendo que, segundo uma tabela de tarifas residenciais da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em Londrina, o valor do kW/h é de R$ 0,4521, qualquer redução é significativa para o bolso do consumidor.

 O chuveiro é o campeão de consumo residencial e representa de 25% a 35% da conta de luz de uma família. Apesar de ser visto como o grande vilão dos gastos residenciais, o chuveiro elétrico é o produto mais eficiente em aproveitamento da energia elétrica, quando utilizado corretamente. A dona de casa Marlene Martins (53) conta que notou o aumento na conta de energia a cada inverno e procurou saber como poderia, ainda que não equiparar à conta do verão, diminuir o valor pago em relação às épocas mais quentes do ano. A solução que Marlene adotou em sua casa foi a compra de um novo chuveiro elétrico para sua casa e a sua correta instalação.  "O aparelho que compramos tem opções de temperaturas. Esse era um dos mais indicados porque possibilita a regulagem do seu uso em função da época do ano, sem a necessidade de gastar com uma potência maior para o inverno, quando se é verão". A escolha da dona de casa influenciou diretamente no valor pago pela conta da residência. Uma das explicações é pelo fato de Marlene poder adequar a temperatura ao clima do dia. Antes, Marlene utilizava o chuveiro com apenas duas opções de temperatura, com a chave no modo “inverno”, o acréscimo no consumo é de cerca de 30% com relação ao modo “verão”, o que influenciava na hora de pagar mais caro.

Para reduzir o preço da conta de energia é preciso educar-se. Muitas vezes a comodidade e o desconhecimento levam-nos a pagar mais caro e a desperdiçar recursos importantes. A mestranda em Biologia, Rafaela Macgnan, acredita que a rotina de uma família influencia muito na redução de gastos e na menor destruição dos recursos ambientais. “Para poder economizar mais é preciso prestar atenção nos nossos hábitos diários. Ligar o ar-condicionado a qualquer momento, deixar a luz acesa sem necessidade ou mesmo deixar o computador no modo ‘stand-by’ por muito tempo são atitudes que acarretam nos valores astronômicos que temos de pagar pelo uso de energia”, explicita Rafaela.

A estudante divide apartamento com uma amiga em Londrina e notou que setembro foi um mês de aumento na conta de energia, porém espera que em outubro, o preço seja diminuído. Setembro é cheio de mudanças, é fim de estação, o inverno vai embora e chega a primavera que traz consigo, além das flores, novas temperaturas. As mudanças climáticas são evidentes, e a consequente alteração no valor a se pagar também. Ao passo que no inverno economizamos com a conta de água, na primavera os cuidados devem ser redobrados. Com a temperatura mais amena, é frequente buscarmos água gelada na geladeira, assim como os ares-condicionados que passam a ter seu uso intensificado. “Nesta época do ano, é comum procurar a todo o momento por alimentos gelados. O congelador é muito mais utilizado. A gente sabe que ficar abrindo e fechando esses aparelhos eletrodomésticos a todo instante desperdiça energia e o valor da conta sobe. Isso acontece muito aqui em casa. Mesmo que eu e a menina que mora comigo tentamos nos controlar, nossos amigos ainda precisam ter essa consciência”, afirma Rafaela.

Com cuidados cotidianos simples e mudança de hábitos, é possível usar a eletricidade sem desperdício. O intuito não é deixar de usufruir de toda a comodidade que ela nos oferece, mas sim transformar nosso dia a dia para que utilizemos de maneira eficiente a energia. Com o fim dos dias frios, mudar a chave do chuveiro de posição e procurar tomar banhos mais rápidos, já são atitudes que fazem diferença para o bolso do consumidor. Evitar a instalação de aparelhos de ar-condicionado em locais expostos aos raios solares e manter as portas e janelas fechadas ao usá-lo também são formas de economizar. Colocar cortinas nas janelas onde o sol bate direto, e limpar periodicamente o filtro desses aparelhos, regulando seu termostato, faz que a vida útil do aparelho aumente e que, consequentemente, diminui o pagamento para a companhia de eletricidade do município.

Maior desenvolvimento, maior gasto
Depois de muito ser dificultado a adquirir eletrodomésticos, com a crise inflacionária no Brasil por volta de 1980, o consumidor brasileiro pôde enfim ter seu poder de compra estimulado. Se por um lado, antes, a crise dificultava o acesso ao crédito e desestimulava os investimentos, por outro lado, não fazia a conta de luz disparar. Com a implantação do Plano Real, em 1994, a economia voltou à estabilidade, com a inflação controlada o consumo de bens e serviços cresceu gradativamente, o que ocasionou, consequentemente, o aumento da demanda de energia elétrica.
O aumento do poder aquisitivo do brasileiro refletiu em um crescimento expressivo do consumo de bem duráveis e não duráveis, bem como proporcionou a acentuação do consumo de eletricidade. Estão entre os itens que vêm batendo recordes de vendas, as televisões, os videogames, máquinas de lavar, secadoras de roupa e notebooks, que são constantemente utilizados; o que acontece é o forte impacto em suas respectivas conta de luz.
Segundo pesquisa feita pela Revista Istoé, foi em 2001 que o sistema elétrico entrou em colapso por não suportar o aumento da demanda e o não aumento dos investimentos neste setor, desse fato é que surgiu o “apagão”. Nesse momento foi que o governo começou a incentivar a conscientização da sociedade, e pedir sua colaboração. Novos racionamentos de energia elétrica foram evitados, mas a população ainda precisa ser mais consciente. Sem planejamento adequado, além do custo da conta de luz que deve disparar, o país corre riscos de precisar estabelecer outros racionamentos.
O fato é que o consumo de energia elétrica nos países em desenvolvimento, como o Brasil, cresce anualmente oito vezes mais que nos países ditos desenvolvidos. Isso graças também à modernização da agricultura e à automatização das indústrias. O conselho que a maioria de especialista dá é para que os cidadãos evitem o uso indiscriminado de energia elétrica, para que crises não ocorram novamente, já que é mais fácil reeducar um consumidor, do que esperar a diminuição do uso de eletricidade por parte de grandes empresas que visam o lucro cada vez mais astronômico.




Isabela Secco 

Londrina é privilegiada culturalmente, cidade de recepção e propagação de arte

Evidentemente a arte e, consequentemente, a cultura sofrem várias alterações com o passar do tempo. As nações desenvolvidas que possuem uma grande tradição de cultura e arte, a Grega e Romana, por exemplo, sempre mudaram, ao correr das décadas, a forma de suas criações artísticas. Com as novidades que surgem, denominam-se as novas linguagens de contemporâneas, elas vêm de determinada região e levam certo tempo para serem aceitas internacionalmente. Com o advento dos mais eficientes meios de comunicação, a propagação das novas artes e a modificação da cultura acontecem com mais rapidez, assim como sua extinção. Com a globalização, esse fato é ainda mais intensificado, cultura se altera, é rapidamente dispersada e, inevitavelmente, passageira.
Hoje há muita flexibilidade nos gêneros e estilos que cada artista segue. A cultura é diversificada e tem espaço no cenário atual, diferentemente de épocas ditatoriais, em que tanto no contexto internacional, com nazistas, fascistas e comunistas que, no período em que exerciam o poder, obrigavam os artistas a exaltarem os governantes (Hitler e Stalin, por exemplo), quanto no período da ditadura brasileira, onde ocorreu a mesma repressão.
Atualmente o cenário cultural e artístico londrinense é significativamente bom quando comparado à média brasileira. Danillo Villa é artista plástico graduado na Universidade Estadual de Londrina (UEL), e comentou um pouco sobre sua visão da cultura da cidade. “Sempre pode ser melhor, em termos de investimento e mesmo percepção da população, por exemplo. Mas aqui nós temos iniciativas muito boas, como o festival de dança, festival de teatro, de música, de cinema, temos a divisão de artes plásticas da Universidade também. Contudo, as melhorias serão sempre recepcionadas com peito aberto”, afirma Danillo. Sedes próprias, equipe pública de fiscalização para visitas e vistorias do que está acontecendo nelas, e direcionamento de investimentos para quem trabalha com cultura de fato, são quesitos que Villa ainda acredita estarem em falta na cidade.
Em exposição por ele coordenada na Casa de Cultura da UEL, na divisão de artes plásticas, “Atrás, na frente, em cima, embaixo, entre", que reúne trabalhos de arte contemporânea, Danillo comentou da importância como um todo da cultura e, consequentemente, da arte para a população. “Esse espaço (Divisão de Artes) é um lugar coletivo, aberto aos mais diferentes públicos, e interessado nessa diversidade também. Funcionamos como um local de educação, trazendo gente que está produzindo e pensando, pessoas sensíveis com uma produção jovem, aproximando-as do cidadão local”. A Divisão, que é um dos principais centros de propagação e amostra de cultura relacionada às Artes Plásticas de Londrina, funciona como uma grande ferramenta para novos promotores artísticos. Em especial na exposição Atrás, na frente, em cima, embaixo, entre", estavam presentes expositores de diversos lugares do Brasil, como Alexandra Assumpção de Pelotas e Gabriela Vanzeto de São Paulo, o que reafirma o papel da sede como recinto que acolhe e divulga novos ingressantes do meio cultural. Para Danillo, o artista que, além de UEL, fez USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade de Campinas), Londrina está acima da média quando o assunto é cultura.
“A arte nos ajuda a estarmos juntos com ideias, sentimentos, sensações e pensamentos que nós ainda não sabemos nominar”, é o que afirma Paulo Miyada, arquiteto e urbanista pela FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), que desenvolve trabalhos práticos e teóricos sobre as representações audiovisuais das cidades, quando questionado sobre a necessidade da cultura para a população. Paulo acredita que a transmissão desse tipo de conhecimento acontece de forma viral, quanto maior o contato com o meio, as informações são cada vez mais agregadas ao seu universo e passam a fazer parte de suas vidas de forma intensa.
Com relação a Londrina, o arquiteto afirmou que a cidade, apesar de não ter sedes de grande escala, para multidões, os espaços oferecidos cumprem a proposta de propagação cultural há bastante tempo e, mais importante ainda, de forma contínua.  “Com certeza Londrina está em uma situação privilegiada. Se comparada a outras cidades, ou mesmo às capitais, é raro encontrar municípios que tenham se quer um espaço de vida cultural duradoura e diária”.

A consequência da modernidade no mundo artístico

Usando como apoio o texto “Ver o Invísivel – A Ética das Imagens”, de Nelson Brissac Peixoto, houve a análise sobre as consequências que os tempos modernos trazem para o mundo da arte. Para o autor, a modernidade perdeu seu caráter artístico ao ser somente um apanhado de imagens, plenamente descartável, ao contrário da pintura, da fotografia e do cinema.
Levando em consideração o novo caráter da arte, vamos de encontro com o principal mecanismo que acelerou essa tendência, que foi o surgimento da Indústria Cultural. O termo criado por Adorno e Horkheimer designava a arte capitalista, em que a máquina dessa sociedade, de reprodução e distribuição da cultura estaria apagando aos poucos tanto a arte erudita quanto a arte popular. Isso estaria acontecendo porque o valor crítico dessas duas formas artísticas é neutralizado por não permitir a participação intelectual dos seus espectadores.A arte seria tratada simplesmente como objeto de mercadoria, estando sujeita as leis de oferta e procura do mercado.
Vivemos no universo da sobreexposição e da obscenidade, saturado de clichês, onde a banalização e a descartabilidade das coisas e imagens foi levada ao extremo. Antes havia a construção de produções artísticas minimalistas e detalhadas, hoje há a rapidez e o excesso de imagens. Junto com o esgotamento de imagens clássicas, vê-se a tendência à abstração, o fim da capacidade de senso crítico e o comprometimento da ética.
Uma nova forma de arte surge: a pseudo-arte. Com a nova classe média e a grande demanda informacional, tornou-se necessário à cultura e a arte uma adaptação ao seu novo público e a produção em massa. A indústria cultural descaracterizou a arte, deixando de lado a sua verdadeira essência, daí aponta-se a falta de ética de seus produtores, principalmente no capitalismo, apenas interessados no valor econômico da arte. Como o sistema dominante necessita de lucro, a aceitação e a alienação massificada para a sua sobrevivência, transforma a cultura em mais um dos instrumentos do capitalismo.


Ó, puberdade

Em média, é a partir dos 11 anos que as mudanças no corpo das crianças começam a aparecer. É a puberdade que toma conta desse período da vida de meninos e meninas. A maioria dos garotos entra na puberdade entre os 9 e os 14 anos,  já as meninas têm seu desenvolvimento um pouco mais cedo, entre os 8 e os 13 anos. Porém, não há uma idade definida para o início das diversas transformações que os "pequenos" começam a enfrentar. Essa transição marca a progressão gradual de uma criança não fértil para um adulto desenvolvido sexualmente.
 A puberdade, então, refere-se ao período de manifestações das características sexuais secundárias, com diversas alterações no corpo e mudanças no metabolismo. O que acontece é a liberação de hormônios que agem como mensageiros capazes de estimular as variadas transformações em diferentes partes do corpo da criança. Nessa fase, denominada por muitos como adolescência, as modificações físicas são visíveis. Há o desenvolvimento de mamas nas meninas e o aumento do tamanho do pênis nos meninos.  O alargamento dos ovários e demais órgãos reprodutores também acontece, assim como o desenvolvimento da próstata e vesículas seminais.
Há também outras diferenças que podem ser notadas quando é chegada a puberdade. A primeira menstruação aponta o surgimento de uma mulher. Os pequenos passam a ter a musculatura aumentada e a voz já não é como antes, e sim mais grossa. Pelos também são resultados da nova fase que se dá graças à crescente produção de hormônios advindos da glândula pituitária, que estimulam as glândulas genitais, incrementando a produção de espermatozoides e óvulos maduros.
As transformações não ocorrem apenas do ponto de vista fisiológico. Segundo a psicóloga Luana Furquim, na puberdade os adolescentes vivem um período de confusões e desordens, que afetam na construção de suas personalidades quando adultos. “Com a intensidade de fenômenos acontecendo biologicamente nos adolescentes, eles têm a necessidade de se adaptarem e se ajustarem. Além de ser um período de novidades sexuais, essa fase exige um amadurecimento psicológico do futuro jovem, que precisa escolher para qual profissão vai se preparar, quais as coisas certas e erradas a se fazer e, ao mesmo tempo, lidar com os hormônios em ebulição”, explica Luana.
Tiago Garcia (14) está convivendo com esse processo de crescimento. Aos quatorze anos de idade a grande maioria passa por essa fase de novas experiências, Tiago se encaixa nas estatísticas: “Muitas coisas diferentes estão acontecendo. Acho que deixei de ser o menino que só gostava de brincar de bola. Agora eu penso em outras coisas. Meu tio costuma dizer que eu estou virando mocinho”.  O corpo torna-se mais sensível à testosterona, tanto nas meninas quanto nos meninos, consequentemente diferenças começam a acontecer. A acne e o odor corporal acentuado são exemplos. Quando questionado sobre essas mudanças corporais, Tiago comentou que de fato seu suor agora tem um cheiro mais forte. Outro sinal notório é quanto ao crescimento de mãos e pés, que tendem a se desenvolver mais rapidamente. Quanto à parte psicológica, o humor dos “aborrescentes” se altera sem explicações, baixa autoestima e agressividade também fazem parte das disfunções causadas pela transição da infância à idade adulta.


Uma linda garota que fez de uma rasteira do destino, o impulso para uma vida mais encantadora


Suellen de Carmo é uma jovem de vinte anos que emociona com sua maneira de pensar e de saber que ganhou uma nova chance da vida, e precisa aproveitá-la. Nascida no dia 17 de junho de 1993, geminiana que sempre sonhou em ser advogada, graças à influência de seu primo, tem como característica marcante a dualidade do signo de gêmeos, a leveza da criança com a responsabilidade do adulto. Uma garota com traços femininos e sorriso encantador. O brilho em seus olhos é do tipo que causaria desconfiança àqueles que acabaram de conhecer sua história de vida. Talvez com uma aura diferente de uma estudante comum, não é preciso estar muito tempo perto de Suellen para perceber que para ela, cada dia é mais do que precioso.
A vontade é de alcançar seus objetivos, de concretizar seus sonhos e, além disso, solidariedade é uma palavra que define a estudante de Relações Públicas. Agora com uma vida repleta de felicidade, Suellen quer compartilhar. É intrínseca à garota a necessidade de fazer bem ao próximo, e de ajudar àqueles que passam por situações parecidas com a que ela viveu. A menina teve câncer de ovário, perdeu o pai há quatro anos, também vítima de câncer e hoje, totalmente curada, apoia-se em Deus e acredita piamente que sua fé foi a maior ferramenta que a ajudou a superar a doença.
A futura RP é vaidosa e amável. É evidente que hoje em dia sua maneira de encarar os obstáculos do cotidiano é diferente de qualquer estudante comum. Suellen sabe o verdadeiro valor da vida. A jovem caçula de três irmãos valoriza a família e faz questão de demonstrar a importância que os entes queridos têm para ela. A vivência de um câncer transforma qualquer pessoa. Os projetos caem por terra e é inevitável imaginar a vida praticamente em seu final. O estado depressivo torna-se constante, já que maus pensamentos assombram os enfermos a todo momento. Tudo que se via de prazeroso, passa a não ter um gosto tão bom. Porém, a superação da doença reergue o paciente de forma muito positiva. Com Suellen não foi diferente, sua vida passou a ter muito mais encantos naturais. O fato de poder respirar e estar em contato com as pessoas que gosta já é recompensa o suficiente para se sentir agraciada.
A entrevista foi mais parecida com um bate-papo entre uma garota interessada na história de vida da outra, do que com algo formal que estávamos esperando. No início da tarde nos encontramos e, sentadas nas mesinhas do CECA, a conversa começou a surgir e a cada palavra os assuntos ficavam mais interessantes. Por vezes incômodos surgiam com relação ao assunto principal da entrevista, seu câncer e sua então recuperação, mas garota me deixava muito à vontade. O afastamento jornalístico tanto ensinado na universidade acabava por se tornar algo distante da realidade que estava se passando, eu estava cada vez mais próxima da personagem e querendo sugar tudo de maravilhoso que sua história tinha.
Depois de perder a avó e o tio também devido ao câncer, seu pai foi a vítima com que ela mais teve contato, o câncer era na coluna. Após a cirurgia necessária para seu tratamento, ele ficou tetraplégico e permaneceu quatro meses na cama, “Era uma tortura para gente ter de ver uma pessoa que era super ativa, um trabalhador, parado, com muita dor, mas ao mesmo tempo com muita esperança e muito feliz”, comentou Suellen. Aos quinze anos, ela teve sua rotina escolar alterada para poder passar mais tempo com seu pai: “Ele sempre falava que eu estudava demais, e isso pesava na minha consciência, por isso eu fiquei bastante tempo sem ir pra aula. Mas hoje eu penso que deveria ter ficado com ele muito mais do que eu fiquei, porque nada na vida é mais importante do que o amor de família”.
Quatro anos após a morte de seu pai, Suellen ainda tem contato com ele em seu cotidiano, sua presença no dia a dia da menina é muito frequente: “Todos os dias eu penso nele, eu vejo fotos, e todos os dias eu choro de saudade. Não tem como não pensar, nós sempre almoçávamos juntos, assistíamos filmes junto, às vezes ele simplesmente dormia vendo televisão comigo, mas só de eu saber que ele estava do meu lado, era uma companhia pra mim”. Ela acredita hoje ser uma pessoa muito melhor, alguém que sabe dar valor às coisas que realmente importam na vida. Atualmente a relação com sua mãe é outra, Suellen acredita que se não fosse por sua ajuda, ela não teria conseguido vencer câncer.
Os primeiros sintomas a aparecerem foram as cólicas muito fortes, que a levaram ao hospital. Após fazer ultrassom, a enfermeira que ainda não era formada se assustou ao ver o resultado do exame, Suellen, que há dois anos havia passado por situação complicada com seu pai, e já conhecia as reações das enfermeiras diante de más notícias, começou a chorar e logo após conversar com o médico, recebeu a notícia de que estaria ou com um tumor benigno muito agressivo ou, definitivamente, com câncer. A menina foi encaminhada para o Hospital do Câncer de Londrina e ficou sem chão: “Lembrei de todo mundo da minha família que já tinha passado por aquilo. A perda do meu pai era muito recente, ele sobreviveu ainda quatro meses, meu tio morreu em trinta dias. Fiquei apavorada”.
Quem confortava seu coração e a fazia compreender a situação que ela estava vivendo era Deus. Uma semana após os exames, seu ovário estourou: “O ovário é do tamanho de uma azeitona, meu tumor estava do tamanho de um abacaxi”, comentou. A dor que Suellen sentia era muito forte, ela não conseguia sair da cama. A cirurgia havia sido marcada para dois meses após a visita ao hospital, pelo fato de o ovário ter estourado em uma segunda-feira, na quarta ela já estava na recuperação pós-cirúrgica.
Quinze dias depois, em visita à ginecologista, ela foi encaminhada ao oncologista que, sem nenhum sentimentalismo, começou a dizer tudo que ela deveria fazer a partir de então. “A ginecologista já sabia que eu estava com câncer, mas não me disse nada. Chegando no oncologista ele já foi me dizendo como seria o tratamento e que meu cabelo iria cair. Mas o pior é o modo como ele diz, acaba com a pessoa, eles são muito frios”, comentou. O que ajudou Suellen foi a psicóloga do Hospital, a partir daquele momento ela começou a ser acalmada: “A psicóloga me falou: ‘Você tem que pensar que a maioria das pessoas ainda está com câncer, você já tirou o câncer, agora precisa se recuperar’”.
“A partir daquele momento, eu não queria contar pra ninguém. Foi desesperador, muito ruim mesmo”, contou. Quando mais calma, a notícia foi espalhada e, apesar de muito assustados e sem saber lidar muito bem com a situação, os familiares e amigos estiveram sempre prontos para apoiá-la nas fases mais difíceis do tratamento. “Eu chegava a vomitar sete vezes por hora, era terrível. Mas o pessoal ia em casa para me ajudar, e era uma força enorme. Eu pensava que quanto mais pessoas perto de mim, o alívio seria melhor”, lembra.
Hoje Suellen é outra pessoa, curada, a filha de pais mais velhos, que começou a trabalhar muito cedo, amadureceu mais rápido que o normal, e é alguém que tem muito a oferecer em uma simples conversa diz: “Acho que posso concluir que meu câncer foi uma forma de Deus tratar todo mundo da minha família. Ele mostrou para nós que nem todos os casos são iguais, que eu poderia superar, que eu poderia vencer”.